Heitor Villa-Lobos

    Dos 18 aos 20 anos leva uma vida errante e aventurosa através do Brasil, visitando o

Norte, o Centro e o sul do país, tocando, compondo familiarizando-se com a música popular e

recolhendo nessas peregrinações impressões que vão às suas futuras obras. Os seus estudos

haviam-se feito irregularmente.


    Aperfeiçoara a técnica do violoncelo com Breno Niedemberg, mas da curta passagem

pela aula de harmonia de Frederico Nascimento, no Instituto Nacional de Música do Rio de

Janeiro, pouco proveito tirara. Em 1913 abandonara a vida errante e fixa-se no Rio.Continua a

compor abundantemente em todos os gêneros: música sacra, música teatral, música solística,

musica sinfônica ao mesmo tempo que estuda com atenção as partituras dos mestres, o que foi

bem dizer a sua única escola.


    Em 1915 realiza o primeiro concerto de obras suas. Iniciando de certo modo o

modernismo musical brasileiro, a arte de Villa-Lobos provocou as mais violentas reações da

parte do público e da critica, por muitos anos se prolongando a posição ao artista que assim

ousava insurgir-se contra a tradição.


    Só por volta de 1918, na realidade, a orientação nacionalista e propriamente folclorizante

de Villa-Lobos começa a precisar-se com a composição pianística intitulada Prole do Bebê ,

que foi também a sua primeira obra que, graças à arte de Arthur Rubinstein, levou o nome do

compositor para além das fronteiras do seu país. O nacionalismo folclorizante adquire feição

sistemática em meia dúzia de obras que àquela se seguem e que são das mais significativas

da produção do compositor.


    Em 1922 a famosa semana da Arte Moderna de São Paulo consagra o nome do

compositor. Oficialmente já o talento de Villa-Lobos se achava reconhecido pelo governo e é o

próprio parlamento que, em 1953, vota um subsídio para que o compositor possa efetivar uma

viagem para à Europa. De regresso em 1925, realiza concertos em Buenos Aires, São Paulo e

Rio de Janeiro, ao tempo em que prossegue a composição de uma série das suas mais

características obras de inspiração folclórica, os Chôros.


   
    Em 1927 parte de novo para a Europa. Até 1930 vive em Paris, assinalando-se este

período na realidade como de decisiva importância na carreira do compositor, graças aos

contatos que estabelece na capital francesa à revelação nela da sua obra, o que lhe granjeia

a reputação internacional do mais representativo e original músico da América Latina.


    De regresso ao Brasil, Villa-Lobos inicia um período de grande atividade, dirigindo

concertos de obras contemporâneas, promovendo uma intensa campanha no sentido de

implantar o cultivo da música coral nas escolas e realizando, dentro deste plano, gigantescas

concentrações orfeônicas, que ele próprio dirige, não sem uma certa dose de

espectaculosidade. A subida ao poder, em 1930, de Getúlio Vargas foi de molde a favorecer

as ambições do músico, que apoiando o ditador, encontrou nele o mais estimulador apoio.


    É colocado à testa da Superintendência de Educação Musical e Artística, cria o Orfeão dos

Professores, promove vasta obra de educação musical popular e, em 1943, vê coroados os

seus sonhos e esforços com a criação, pelo governo federal, do Conservatório Nacional de

Canto Orfeônico, que passa dirigir.